Dr Rogerio Leal
06 Julho 2020 - Dúvidas

Cirurgia plástica em fumantes é segura?

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Cirurgia plástica em fumantes é segura

Quer fazer uma cirurgia plástica, mas é fumante? O Dr. Rogério Leal explica todos os detalhes desse assunto. É importante ressaltar que para a realização de uma cirurgia plástica, mesmo que das mais simples, deve-se fazer uma preparação com exames que avaliam a condição de saúde do paciente.

Em geral, é recomendado que pacientes fumantes suspendam o uso de cigarro para que se realize um procedimento mais seguro e com recuperação mais tranquila.

Tabagismo: entenda o cenário

O problema do fumo é tão grave que em 1990 o Ministério da Saúde lançou um programa de controle do tabagismo no Brasil. Ao mesmo tempo, vários países do mundo intensificaram as campanhas contra a utilização dos derivados do cigarro.

A população mundial atual é de aproximadamente 7 bilhões de pessoas e, infelizmente, mesmo depois de todas essas campanhas, aproximadamente 1 bilhão de pessoas continuam fumando.

Muitos dos pacientes que têm nos procurado para realizar cirurgias plásticas, principalmente blefaroplastia, suspensão de sobrancelhas, peelings químicos e a laser, a cirurgia de rinoplastia, ritidoplastia, são fumantes e desconhecem os riscos que o tabagismo traz no pós-operatório das nossas cirurgias.

Recentemente, alguns paciente tiveram complicações e é importante conscientizar não só a população, mas, principalmente, os pacientes candidatos à cirurgia plástica.

 

Quais os problemas causados pelo cigarro?

Um dos grandes problemas do tabagista é que o cigarro atua, em especial a nicotina, no nosso sistema nervoso central. A nicotina diminui a vontade de comer, produz uma melhora no humor e até mesmo um relaxamento da musculatura corporal.

Acontece que para que o tabagista continue obtendo essas sensações, seu organismo desenvolve uma tolerância e ele precisa fumar cada vez mais. Por isso uma das medidas mais importantes se você fuma, não só pela cirurgia plástica, mas para largar o vício, é procurar um profissional capacitado para atendê-lo.

Antes de entrar nas questões cirúrgicas, quero lembrar o que muitas pessoas não sabem: mulheres grávidas fumantes transmitem todas as toxinas do cigarro para os bebês, que têm maiores chances de desenvolver doenças, principalmente as respiratórias. Da mesma forma, mães que amamentam transmitem por meio do leite materno todas as toxinas do cigarro.

Em relação aos fumantes passivos: se alguém fuma, as pessoas próximas acabam também, por meio do ar, absorvendo as toxinas da fumaça do cigarro.

E muita gente se pergunta: como é que nós chegamos a essa situação, 1 bilhão de tabagistas pelo mundo, apesar de campanhas desde 1990 tentando desestimular o tabagismo?

Um dos problemas é que a indústria do cigarro foi um dos maiores cases de sucesso de marketing da história da humanidade. Para vender os cigarros, as propagandas mostravam lideranças pelo mundo, atrizes e atores famosos, principalmente atletas.

E quantos caubóis não tiveram que morrer? Quantas pessoas de destaque acabaram falecendo de câncer de pulmão e outros tipos de câncer ou doenças para que a nossa sociedade ficasse alerta? Então, essa ‘’Era do Marketing’’ positivo do cigarro acabou, e, desde então, a gente quer reforçar que é para realmente parar de fumar.

 

Cirurgias plásticas em fumantes

Em relação às cirurgias, os grandes problemas dos tabagistas são os seguintes:

Na maior parte dos casos, os fumantes não respiram muito bem e isso pode dificultar um pouquinho o posicionamento do paciente na maca durante a cirurgia.

Ao mesmo tempo, pode haver um prejuízo na anestesia. A nicotina produz uma vasoconstrição, uma diminuição no calibre das artérias e nos vasos sanguíneos de maneira geral, e isso dificulta a chegada do oxigênio e nutrientes à região da cicatrização, aumentando as chances de necrose, trombose e tromboembolismo; pode fazer com que a sutura acabe abrindo a ferida cirúrgica; e mesmo alterar a pigmentação das cicatrizes. Por isso cigarro e cirurgia são um grande problema.

Especificamente sobre a cirurgia de rinoplastia, que é a cirurgia plástica do nariz, o paciente tabagista, além da dificuldade de cicatrização, pode perceber um ressecamento muito grande da mucosa interna do nariz.

O maior medo de necrose que nós temos é justamente na cirurgia de ritidoplastia — o lifting facial. E em relação às blefaroplastias, além do , pode haver também um ressecamento dos olhos por redução do filme lacrimal. Por conta disso, é fundamental, no mínimo, interromper por 30 dias antes e 30 dias depois da cirurgia o hábito do cigarro.

Cuidados com a pele de pacientes fumantes

Nos últimos tempos, as pessoas estão conhecendo cada vez mais a importância do colágeno para a nossa pele, lembrando que ele é formado pela junção de três aminoácidos com vitamina C. Mas acontece que um cigarro é capaz de destruir, aproximadamente, 50 miligramas de vitamina C.

Por isso fica fácil entender que, além dos problemas circulatórios da vasoconstrição, que altera toda a chegada de nutrientes na cicatriz, fica também praticamente impossível fabricar um colágeno de boa qualidade para o tabagista.

Então é fundamental suplementar a vitamina C na época da sua cirurgia, antes e depois, além daquilo que já falamos aqui: suspender totalmente o cigarro.

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